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Nem só de Shakespeare vivem nossos pensamentos, não é mesmo? Os operários dentro das nossas cabeças, ilustrados em Divertida Mente, estão organizando tudo o que a gente vivencia na enorme biblioteca cujas paredes chamamos de crânio. Além dos pensamentos e da organização do conteúdo primordial, há todas as informações irrelevantes que consumimos, e são elas que constroem o nosso repertório social e dão origem àquelas sacadas que arrancam elogios nas conversas: “woooow, boaaaa!”.

 

Divertida Mente – Pixar, 2015

 

Ideias não nascem em árvore e caem na cabeça da gente. Não mesmo! O máximo que pode acontecer é uma inspiração ou um insight resultar em uma ideia proveitosa, mas cada pensamento é resultante do nosso acervo imensurável chamado bagagem cultural, e que, durante a nossa vida, ele é aproveitado de alguma forma. A cultura inútil é aquela que geralmente não vai agregar nada de muito importante para você, por mais interessante que seja, como o fato de o céu ser azul por conta dos reflexos da luz que é emitida pelo sol nas moléculas presentes na atmosfera terrestre. Tudo o que vemos, ouvimos, sentimos e experimentamos vai sendo separado dentro da nossa cabeça por pastas que estão interligadas, como uma enorme cadeia de informações que construirão a nossa bagagem cultural.

Por mais incrível que possa parecer, não é difícil obter esse acervo magnífico. Sabe aquela história que o João te contou na cafeteria sobre a viagem louca dele ou aquela conversa com a Isabela sobre a briga na ceia de Natal da família dela por conta das uvas-passas que colocaram na farofa? Tudo isso vai para as pastinhas, e de alguma forma você vai usar pra ter assunto em alguma conversa, fazer uma piada ou até mesmo querer saber por que, afinal, tanta implicância com o uso de uva-passa na comida.

A internet é um grande acervo de conteúdo relevante e abriga vários dos mais importantes livros, pesquisas, relatórios e a receita da maravilhosa torta de maçã que você comia há tempos. Também é terra de histórias e conteúdo considerado sem valor, como os memes, os videos engraçados, os fóruns e os debates de grupos com gente interpretando personagens, fingindo ter algo ou estar em época ou lugar do mundo que não condizem com a realidade.

Essa “cultura inútil” de mais de 1 TB na nossa cachola é conteúdo que nos possibilita gerar estratégia, solucionar algum problema e, é claro, fazer referência a algo que as pessoas vão entender quando você mencionar. Caso você seja um fã de heróis sabe o que eu quero dizer com o “eu sou fã e quero service”.

 

Os Vingadores – Marvel, 2012

 

Na era da informação, com grande maioria de pessoas conectadas e sabendo de tudo o que está acontecendo a todo momento – a notícia que foi publicada ou o vídeo ou a foto que viralizou –, pode ser uma chave para aquela porta que você precisa abrir. O pensamento estratégico para aplicar essa bagagem cultural sempre aparece de alguma forma, mas o uso desse conhecimento, que é extremamente valioso, muitas vezes não é considerado de muita importância. Quando precisamos resolver algo, achar o valor X da equação que há horas estamos quebrando a cabeça para encontrar, é uma boa saída recorrer a nossa coletânea de referências, do que vimos em algum lugar ou ouvimos falar por aí.

Estabelecer comunicação com uma pessoa não é tão simples quanto possa parecer, principalmente quando a intenção é impressioná-la. Usar argumentos que ela possa conhecer e se identificar é a jogada mais certeira que existe, e para usar o próprio conhecimento como caminho para chegar lá, é preciso gastar os miolos. Às vezes, as ideias apenas brotam quando o seu cérebro associa uma coisa com a outra, soma dois mais dois e… voilà! Na verdade, isso resultou de todas aquelas referências que você já tinha, e elas estavam no seu acervo de cultura inútil, que, no final, serviram para alguma coisa.

 

 

Essa bagagem de cultural inútil é tão eficaz para chamar a atenção das pessoas que é fácil perceber o uso desse recurso nos programas de televisão, filmes, músicas e até na comunicação de grandes empresas, que de vez em quando se apropriam dessa cultura para impressionar, convencer de algo ou incentivar.

Aqui vão alguns exemplos de empresas que aplicaram o conhecimento de assuntos quentes da internet e a chamada cultura inútil em seu conteúdo, inserindo seus produtos e serviços em algum contexto, colocando sua marca no meio de todo o buzz, garantindo, assim, mídia espontânea.

O streaming Globloplay, por exemplo, usou um meme viral de 2020 da “Cabeleleira Leila” para divulgar o seu serviço e chamar a atenção do público.

Vídeo “Cabeleleira Leila”

Vídeo Campanha “Globloplayla playla”

 

A Netflix usou o ditado popular “Comer o pão que o diabo amassou” em um de seus vídeos promocionais para divulgar a quarta temporada da série Lúcifer.

Vídeo Lúcifer, o Pão que o Diabo amassou

 

O Banco Itaú usou o vídeo viral do bebê que solta gargalhadas com o som de papel sendo rasgado. Um apelo fofo para a redução do consumo de papel, incentivando os cliente a optarem pela fatura no formato digital.

 

O sucesso de Game of Thrones foi tão grande que a série chegou a ser considerada por muitos como uma das melhores da década, e algumas marcas, como Heinz, Magazine Luiza e Coca-Cola embarcaram nesse bonde para promover seus produtos e serviços.

 

Uma ideia não se constrói sozinha, ela é composta do conglomerado de referências que temos. Já diziam em Dark, série alemã da Netflix “o que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano”.

Exercitar os cérebro e anotar os insights na agenda pra não esquecer é uma forma de acessar rapidamente nosso próprio acervo, que também deve sempre ser expandido pelo consumo cultural, de livros, séries, filmes, internet, conversas, e até em bobeiras faladas no dia-a-dia ou em quantas mais outras fontes você puder ter acesso. Tudo é referência. E pode ser usada de alguma forma, algum dia, como uma oportunidade bem pensada, ou até mesmo para entender o caso do biscoito vs bolacha e por que diachos a maioria das pessoas não gostam de uvas passas com comida salgada.

Pra você, que se interessou por essa preciosidade, fizemos uma lista de lugares onde você pode alimentar essa cultura e expandir o seus conhecimentos, sem perder muito tempo do seu dia 🙂

  1. Follow the Colours
  2. BuzzFeed
  3. Saquinho de Lixo
  4. Greengo Dictionary
  5. Pablo Rochat
  6. Gifs Pra Galera de Humanas
  7. Perrengue Chique
  8. Pinterest (pra você se inspirar)
  9. Behance (pra você se inspirar – vol. 2)

 

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Kleverton Oliveira